Friday, March 14, 2008

Em homengem à Timmy

Acabei agora de ler os últimos textos publicados e de deixar alguns comentários e não resisti a continuar por aqui mais um bocadinho.... Hoje, esta história é especialmente dedicada à Sushy porque depois de ver os "olhares" ... e, é claro, também a todos os amigos.
Sushy, vou-te contar a história da Timmy,(a que faço referência no comentário à história do "Gato Zen"), tal e qual a soube pela boca da Preta.
A Timmy era uma gata siamesa nascida debaixo de uma escada, no jardim da casa da nossa dona, ela e os três irmãos, todos siameses, todos filhos da Preta. Como gatinhos fofos e lindos que eram, a nossa dona rápidamente os trouxe para casa, onde a Preta os passou a acompanhar.
A Timmy era de todos a mais arisca, esquivava-se a festas, detestava colo, daí Timmy, de tímida! O nosso, na época, jovem dono, foi conseguindo a pouco e pouco, com muitos mimos daqueles MESMO irresistíveis, conquistar a nossa jovem amiga, que acabou a dormir na cama dele, em conjunto com todos os irmãos, entretanto, com o passar do tempo, ela descobriu que podia dormir sózinha, DENTRO da cama, esgueirava-se lá para dentro, sem ninguém dar por isso e enroscava-se nos pés. Só saía quando a minha dona se levantava - daqui a uns tempos, e se não vos aborrecer muito, vou-vos contar a história deles - entretanto, na mata ao lado da nossa casa, ia prosseguindo o treino efectivo destes novos habitantes do terreno. A Preta encarregava-se, com verdadeiro esmero maternal, de treinar os seus filhotes na corrida em conjunto, na defesa do território, na caça - a propósito, tenho de vos contar a história da galinha!- Vocês já alguma vez assistiram ao treino de gatinhos pela sua progenitora? É um espanto! Quando a mãe sabe o que está a fazer, e não é "mãe de primeira viagem", é vê-los em actividades de grupo, isso mesmo, DE GRUPO! trepar pelos troncos de árvores, caçar, sem matar, apenas pelo prazer da brincadeira que é a caça, o seu primeiro ratito...A Timmy, tal como os irmãos, ia ficando aprimorada. Entretanto, passaram alguns anos, mudámos de casa (já sabem o que aconteceu com a Preta) e ela, que estava habituada a dar a sua voltinha pelas matas ao lado de casa, achou que de facto não valia a pena correr riscos inúteis e sair para a rua. Por vontade própria passou a ficar em casa; tornou-se uma adulta corajosa perante a partida da irmã Clio, que acompanhou sempre e de quem cuidava, com mimos maternais, ao longo da doença.
E passou a acompanhar a nossa dona, agora sem a irmã, sempre que ela tinha de viajar de carro, enrolava-se no banco da frente, que era dela, e semicerrava os olhos com um olhar dengoso, como quem diz "eu adoooro passear sózinha contigo, sem os outros por perto, ficas só para mim". Mas quando regressavam, era vê-la a ir correr contar as novidades! Uma reunião familiar com a Timmy no meio, a contar tudo!
Estas rotinas repetiram-se, por alguns muito bons anos, até ao dia em que descobrimos que a Timmy tinha desenvolvido cancro mamário. Nessa altura eu já estava cá em casa e ainda a conheci. Foi um período longo de quatro anos, e doloroso para todos, com duas operações pelo meio, até ao dia em que ela chamou a minha dona para se despedir e partiu nos braços dela. Está debaixo de uma ávore, na falésia junto ao mar, perto da nossa casa e de vez em quando vamos visitá-la, mas sabemos que o seu espírito bom está sempre connosco.
O Belchior, que não conhece nenhuma destas histórias, está aqui com um ar de espanto como quem diz" mas estás a falar de quem?? eu não sei que é essa Timmy. Tens de me contar mais coisas!"
Espero não ter sido muito maçadora, mas é tão bom recordar.... Luna

2 comments:

histórias e animais said...

É um prazer ler as tuas histórias, adorei.

Xuxa

histórias e animais said...

Ó minha querida Luna!Não foste nada maçadora, acredita. E gostei muito que tivesses partilhado a história da Timmy comigo.Sabes, por aquilo que contaste acho que tenho muitas coisas parecidas com a Timmy. Também sou um pouco arisco e não gosto de colo nem ligo muito a festinhas, a não ser que me esteja a preparar para dormir! Aí, as festinhas sabem muito bem!Adorei a história e tive de fazer um esforço para não deixar cair nenhuma lágrima....
Volta sempre com as histórias que te apetecer contar!

Sushy